terça-feira, 2 de setembro de 2008

Seio de Virgem - Álvares de Azevedo.


Quand on te voit, il vient à maints

Une envie dedans tes mains

De te tâter, de te tenir...

CLÉMENT MAROT


O que sonho noite e dia,

E à alma traz-me poesia

E me torna a vida bela...

O que num brando roçar

Faz meu peito se agitar,

É o teu seio, donzela!


Oh! quem pintara o cetim

Desses limões de marfim,

Os leves cerúleos veios

Na brancura deslumbrante

E o tremido de teus seios?


Quando os vejo... de paixão

Sinto pruridos na mão

De os apalpar e conter...

Sorriste do meu desejo?

Loucura! bastava um beijo

Para neles se morrer!


Minhas ternuras, donzela,

Voltei-as à forma bela

Daqueles frutos de neve...

Ai!... duas cândidas flores

Que o pressentir dos amores

Faz palpitarem de leve.


Mimosos seios, mimosos,

Que dizem voluptuosos:

"Amai, poetas, amai!

Que misteriosas venturas

Dormem nessas rosas puras

E se acordarão num ai!"


Que lírio, que nívea rosa,

Ou camélia cetinosa

Tem uma brancura assim?

Que flor da terra ou do céu,

Que valha do seio teu

Esse morango ou rubim?


Quantos encantos sonhados

Sinto estremecer velados

Por teu cândido vestido!

Sem ver teu seio, donzela,

Suas delícias revela

O poeta embevecido!


Donzela, feliz do amanteque teu seio palpitante

Seio d’esposa fizer!

Que dessa forma tão pura

Fizer com mais formosura

Seio de bela mulher!


Feliz de mim... porém não!...

Repouse teu coração

Da pureza no rosal!

Tenho no peito um aroma

Que valha a rosa que assoma

No teu seio virginal?...

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